O CATOLICISMO NA COLONIZAÇÃO DO OESTE DO PARANÁ

Frank Antonio Mezzomo

(Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC)

As décadas de 1930 a 1940 no Oeste do Paraná é marcado pelo grande fluxo imigratório das etnias teuta-ítala vindas de Santa Catarina e Rio Grande do Sul gestando uma realidade muito peculiar onde o elemento religioso é tributário. A religião, neste caso a católica, assume uma função predominante como força poderosa que torna plausível e duradoura a construção social da realidade eliminado a precariedade e o caos da anomia, para usar as palavras de Berger. É neste espaço que a religião aparece como intento audacioso de conceber o universo como humanamente significativo. Para dar conta desta pesquisa, buscou-se nas falas do líderes da Igreja (Bispo e padres), veiculadas pela imprensa escrita e falada, nas homilias semanais, nos planos de pastorais, nos colégios de irmandade os discursos que pretendem construir uma identidade do homem oestino, como homem "ordeiro e trabalhador", que em meios às adversidades como a presença quase insuportável de mosquitos, a falta de recursos materiais para "domesticar" a natureza e a aventura de deixar os "seus" em busca de uma nova vida, não imperassem o desenvolvimento sócio-econômico daquela região. A rápida ocupação espacial pela Igreja Católica construindo capelas, paróquias, seminários e em seguida a diocese, demonstra uma forte preocupação em lançar um discurso que pretende através do imaginário construir uma identidade, elaborar uma certa representação, estabelecer a distribuição de papéis e posições sociais, exprimindo crenças comuns e construindo uma espécie de código de "bom comportamento", como diz Baczko. Assim, adjetivos como "o homem oestino é ordeiro e trabalhador", "o bom colonizador é o bom cristão", "Deus ajuda aquele que trabalha" e outras metáforas estão fixados no imaginário social destes colonizadores. Parece ser uma das funções da religião dar sentido as obras realizadas, legitimar, justificar e explicar as mazelas do mundo construído.(CAPES).