Alvar Núñez Cabeza de Vaca: Um Conquistador espanhol entre dois mundos
Anderson Nogueira Alves
Unesp – Assis.

Alvar Núñez Cabeza de Vaca foi responsável por um dos mais importantes e interessantes relatos sobre o "Novo Mundo". Em sua obra Naufrágios, este autor relata sua trajetória e de seus três companheiros que com ele naufragaram, na ocasião em que navegavam ruma à Flórida. Tendo percorrido a Península da Flórida atual cidade norte americada de Tampa, até o Planalto Mexicano e a cidade portuária Vera Cruz, num total de mais de 18 mil quilômetros em terras americanas, durante os nove anos. Esse homem pretendia reencontrar seus irmãos cristãos.

Mas, sobrevivência deles nessas terras inóspitas do "Novo Mundo" só foi possível graças aos povos ameríndios, que os salvaram da barbárie da fome, do frio e da morte. Fazendo com que tanto Alvar Núñez quanto seus companheiros mantivessem em determinados períodos e circunstâncias, relações de convivência e subordinação com esses povos. Na primeira fase desta relação, o autor e seus companheiros se converteram em cativos dos indígenas; na segundo fase, em mercadores de peles e de inúmeros objetos que comercializavam entre diversas tribos e última fase, eles se tornaram verdadeiros ídolos benfeitores, em virtude dos "milagres" que praticavam.

Nos "Naufrágios", Alvar Núñez descreveu com precisão as relações humanas existentes entre eles e as várias tribos com as quais mantiveram contato. Do mesmo modo, ele descreveu a fauna, a flora e o clima das regiões percorridas. Além disso, criticou a atuação de Narváez que comandou a fracassada expedição. A curiosidade foi, no caso deste viajante, um elemento fundamental para o reconhecimento das diversas etnias e culturas que encontrou entre a Flórida e o México. Na verdade, Alvar Núñez acabou exercendo o papel de um principiante de etnologia.

O relato Naufrágios de Cabeza de Vaca mostra a construção de um novo homem que ficou entre dois mundos: o mundo européia de visão eurocênctrica e o mundo indígena, o qual aprendeu a respeitá-lo, passando por um processo de assimilação – juntos com seus companheiros, para conseguir sobreviver no então desconhecido e cobiçado "Novo Mundo".