A propósito do método no estudo das religiões. O caso particular do Cristianismo

Ivan Antônio de Almeida

UFOP

As religiões consideram a mudança individual como pré-condição para a apreensão do mundo; questão certamente bem mais delicada para as ciências humanas. Nas ciências o objetivo é a apreensão conceitual do objeto de estudo, o que pressupõe uma separação entre sujeito e objeto, questão ainda não resolvida satisfatoriamente. No domínio das ciências não há qualquer disciplina especial que procure transformar o indivíduo (como um todo)com a finalidade de prepará-lo para o seu ofício. Todo o trabalho com o pesquisador opera-se na dimensão lógico-racional.
Mas afinal, é possível não ter pré-conceitos? Tentar apreender o real com um mínimo de pré-conceitos depende apenas de uma vontade pessoal? Ou a questão é inteiramente outra? Trata-se de realizarmos as nossas pesquisas com os "pré-conceitos" corretos, isto é "científicos"? A tradição do sagrado diz que o "vazio" é possível. Mas seria necessário ser um "iluminado"? Seria possível trabalhar com um mínimo de referências, um pilar, ou pilares, que apenas norteassem o pesquisador sem correr o risco de formatar o real que se pretende apreender? Para pensarmos sobre estas questões e outras relativas ao tema, usaremos basicamente as obras de Mircea Eliade, René Guénon e Rudolf Steiner.